domingo, 18 de julho de 2010

QUANDO UM GAÚCHO CANTA O CAMPO


QUANDO UM GAÚCHO CANTA O CAMPO
Ari pinheiro
Poema vencedor do 45 Rodeio da
Estância da Poesia Crioula (junho/2010)

Quando um gaúcho canta o campo
Num acalanto nina sua própria dor
Que indormida sonha acordes de guitarra
E pede calma ao coração corcoveador
Quando um gaúcho canta o campo
Canta o encanto que é luz pra o cantador
Etéreo lume razão de ser do vagalume
Almas antigas “alumiando” o corredor...

Quando um gaúcho canta o campo
Derrama a vida entre as cordas do violão
E a dura lida que demarcou cicatrizes
Ganha matizes se vestindo de amplidão
Quando um gaúcho canta o campo
Solta seu grito na garganta dos tajãs (Tarrãns)
Cantam cardeais, sabiás e cotovias
E a utopia vem acordar as manhãs

Quando um gaúcho canta o campo
Mirando a estrada no rastro de quem se foi
Tem sal nos olhos temperando sulcos fundos
De quem vê o mundo cruzando a passo de boi
Quando um gaúcho canta o campo
Sua garganta é cancela escancarada
É mata-burro desafiando a realidade
Onde a cidade plantou porteiras fechadas

Quando um gaúcho canta o campo
Sou eu pedindo pra viver um outro tanto
É minha alma que cansada pede colo
Sou eu que vago na garupa do seu canto
Quando um gaúcho canta o campo
Espalha cheiros de arnica e alecrim
Mal sabe ele que a sua voz afinada
Canta saudades que vivem dentro de mim...

Nenhum comentário:

Postar um comentário