domingo, 18 de julho de 2010

POEMA VAZIO


POEMA VAZIO (Ari Pinheiro)

Hoje eu parei para compor um poema...
Dei um tempo no trabalho,
Nas mágoas, na saudade;
Dei um tempo de tudo e todos...
Até mesmo a alegria coloquei de lado
Arregacei as minhas velas
E me fiz ao largo...

Como eu não queria nada muito intimista
Coloquei-me de lado também
(supremo erro!)
E comecei a compor um verso
Outro verso, e mais algumas linhas
De um poema vazio...

Sim vazio como o mar aberto
Pois enquanto a pena deslizava sobre o papel
Descobri que sem trabalho
Dor
Alegria
Amor
Mágoas e saudades
Não se escreve nada!

Sem uma pitada do todo
Desse tudo mar que nos rodeia
Sem a contribuição
De quem passa, está ou passou por nós
Não tem como fazer um verso
Com poesia...

Um verso sem gente
Sem a gente, sem agente
Sem dor
Alegria
Calor ou frio
Pode até ser lido por muita gente
Mas nunca passará
De um poema vazio...

Assim voltei à praia
Rasguei o papel, peguei outra folha
E outra onda, e mais outra
E com a tinta de minhas vivências
Comecei tudo de novo!!!

Um comentário:

  1. Não tem nada mais importante num poema do que a vida que escorre das entrelinhas

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