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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

DÉCIMA DA INSPIRAÇÃO

Ari Pinheiro
Creio que no céu das musas
Não existe calmaria
Desconfio que noite e dia
Só há luz e movimento
Pois não deve haver tormento
Lá na terra da utopia
E nesta filosofia
Minha esperança dileta
É que lá só entre o poeta
Pela escada da poesia...




Que aos céticos é impossível
Crer em musas sedutoras
Místicas inspiradoras
De versos em profusão
É que este diapasão
Da verve mais cristalina
Não se vende e não se afina
Pelas notas do cifrão
Nem se escraviza nas mãos
De quem tem mente sovina...



Só quem tem olhos de ver
E braços de mil abraços
Consegue rasgar espaços
E ver além da mortalha
Se infiltrar no Valhala
Pela fumaça das piras
Sem as algemas das gírias
Para ver o panteão altaneiro
De alguns milhões de guerreiros
Que passeiam com as Valkírias...



Só poetas entram no Olimpo
Lá nos domínios de Zeus
Lugar onde até os ateus
Em seus devaneios noturnos
Enxergam os anéis de saturno
Enfeitando os dedos de Deus
E até mesmo Prometeu
Com seu fígado violado
Retorna recuperado
No rastro dos versos meus...



E antes que me censurem
E que haja desavenças
Pois a inveja é uma doença
Que torna homens andrajosos
E induz aos invejosos
Abominar as diferenças
Que indoutos de nascença
E alijados de cultura
Em seus surtos de loucura
Confundem poesia com crença...



Não creio em mitologia
Mas amo conhecimento
Que a burrice é um tormento
A bem da verdade, um flagelo
Muitos aceitam o libelo
Que alguns deixaram de herança
Vencendo tempo e distância
Sonegando informações
Afogando gerações
Nas águas da ignorância...



Até mesmo Jesus Cristo
Nossa suprema centelha
Nos deu um puxão de orelhas
Não poupou nem os doutores
E aos primeiros pregadores
Criticou as estruturas
Dizendo que as criaturas
De todos os povos perecem
Pois não amam e desconhecem
O poder das escrituras...




Assim, as musas existem
Na mente de quem as quer
Mas atentem ao mister
De ouvir um escriba do povo
Que embora sem retovo
Ou medalhas importantes
Sabe que nem as Bacantes
Dionísio, Thor ou Jasão
Podem ser inspiração
Numa mente ignorante...




Recordo um bardo pampeano
Da velha Santa Maria
Que filosofando dizia
Num mate ao final da tarde
Que até para ser covarde
É preciso valentia
Ele era sábio e não cria
Que o conhecimento raso
De um poeta de acaso
Fizesse um doutor em poesia...




Assim arremato esta décima
Olhando pra o firmamento
De onde vem o alento
Que perfuma os dias meus
Sob os cuidados de Deus
Vou zelando meu talento
Sem esquecer um momento
Este preceito tão belo
Que até pra um verso singelo
É preciso conhecimento!!!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

PRESENÇA - Ari Pinheiro

(Foto: Ari Pinheiro)
PRESENÇA - Ari Pinheiro

Porque apesar, amor, de não estares aqui
de fato e de direito,
estás presente em cada partícula cósmica
do micro-universo dos meus dias;
em cada nano-partícula ativada
pela física quântica universal.
Teu cheiro desliza pelo meu suor
e se derrama em profundas cascatas
pelas escarpas de meus olhos,
quando nas noites insones
brinco de fazer chuva de lágrimas
sobre o deserto da minha saudade...
É nesta hora, amor,
que inicio meu mítico ritual
de todos os finais de dia;
invocando cada átomo peregrino
para formar teu holograma
pela noite adentro,
onde me refugio para declamar
a canção que fiz pra ti...
E então...

ENTÃO TU VENS...
NÃO! TU NÃO VENS,
TU FLUTUAS
COMO SATURNO E SUAS LUAS
COM SEU BRILHO E SEUS ANÉIS
TENS O APERTO DAS MORÇAS
FLUTUAS COM A LEVEZA DAS CORSAS
E A FORÇA DE MUITOS CORCÉIS
TRAZES FÚRIAS DE MIL CICLONES
E A VIGÍLIA DE NOITES INSONES
DE BATALHAS SEM LAURÉIS...

TU VENS...
NÃO! TU NÃO VENS...
TU FLUTUAS!!!
E MEU QUARTO É A TUA RUA!
EM TEU ANDAR HÁ MAGIA
MESCLADA COM CALMARIAS
EM CONTRAPONTO AOS VENDAVAIS...
E COMO MERA TRANSEUNTE
FINGES-TE DE SER AUSENTE
QUANDO ESTÁS PERTO DEMAIS!!!

AGREGAS-TE A MIM
COMO POR OSMOSE
ÉS MEIGA METAMORFOSE
ENFEITANDO MEUS UMBRAIS...
E NESTE ESTRANHO TORPOR
ACORDO COM TEU CALOR
E ENTÃO... ENTÃO AMOR...
...NÃO DURMO MAIS!!!

sábado, 30 de outubro de 2010

FARÓIS - Ari Pinheiro

(Foto: Ari Pinheiro)

EM PLENO MAR PROCELOSO
ENTRE RAIOS E VAGALHÕES
NO OCEANO DAS EMOÇÕES
COM MEU CORAÇÃO RESSENTIDO
NAVE DE LEME PARTIDO
ENTRE ONDAS COLOSSAIS
PRONTA A IR A PIQUE
JUNTO AOS SERES ABISSAIS...

ESTE ERA EU NAVEGANDO
E JÁ QUASE NAUFRAGANDO
NO ABISMO DA SOLIDÃO
QUANDO ENTRE AS ONDAS FURIOSAS
VI DOIS FAROIS RELUZENTES
VI DOIS LUMES DIFERENTES
ME INDICANDO A DIREÇÃO...

ESQUECI AS VAGAS FREMENTES
IGNOREI OS PERIGOS
DECIDI SEGUIR CONTIGO
PARA A PRAIA LOGO ADIANTE
HOJE DESCANSO CONFIANTE
EM TEU COLO, MEU ABRIGO
JÁ NÃO VAGO MAIS ERRANTE
POIS TEU LUME ME CONDUZ
MINHA ROTA É DIFERENTE
E OS DOIS FARÓIS RELUZENTES
SÃO OS OLHOS DE JESUS!!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

DAS REFLEXÕES DE UMA PAIXÃO – Ari Pinheiro

(Foto: Ari Pinheiro)

Há muitas luas que eu te amo...
Há muitas luas que venho te observando de longe,
De perto, ao redor de ti...

Malgrado os dias em que acordas
De mau humor e sequer lembras
Que eu existo, sigo fiel e insisto
No meu amor incondicional
De muitas luas, tantas luas...

Sabes... teve um dia
Quando ainda eras semente pequenina
No ventre de tua mãe e ela cogitou
A idéia de não nasceres...
Lembro que sofri, chorei de dor,
Pois desde lá eu já te amava,
Te queria e te desejava
Com uma paixão que só os anjos conhecem...

Há muitas luas que eu te amo
E te dedico o melhor de mim...
Quantas vezes velei teu sono
E quando tinhas sonhos ruins
Procurava te presentear
Com um amanhecer dourado
Que muitas vezes nem vias...

Houve um dia em que caíste
Ralaste o joelho... lembro que senti
A mesma dor que tu... Noutro tempo
Tiveste a primeira desilusão de amor, e eu,
Que sofro isso todos os dias;
Chorei todas as tuas lágrimas
E me escondi contigo quando fostes
Soluçar a sós no quintal...

E hoje, quando olhas para cima
E perguntas aos céus se eu existo
Posso te responder com a mesma serenidade
De quem sempre esteve o teu lado...

Há muitas luas que eu te amo;
Há muitas luas que eu te quero;
Há muitas luas que ressuscitei por ti...
Sou Jesus Cristo, filho de Deus
E há muitas luas que te esperava...

Porque eu te amo incondicionalmente,
Há muitas luas, há muitas luas!!!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

AO MEU AMIGO/IRMÃO JOÃO BATISTA

AO MEU AMIGO/IRMÃO JOÃO BATISTA

João Batista, evangelista
Homem todo coração
João, um irmão, amigo de valor
Sorriso largo de chegada
Braços de abraçar sempre
Mãos de curar e tirar a dor
João tinha muitos sonhos
E por isso sonhador...
João, o marido da Bia
Seu grande sonho de amor!!!

Incompreendido por muitos
Que não entendiam sua dor
Frente às injustiças
Que o fizeram sofredor
Mas que foram alicerce
Para formar o vencedor
Que hoje descansa sereno
Nos braços de Nosso Senhor!

Foi morar no céu o João
Meu irmão, marido da Bia
Em mim aumentou o vazio
Que há muito tempo eu sentia
Pois tua partida me mostrou
Que eu te amava
Muito mais do que eu sabia!!!

sábado, 31 de julho de 2010

ATÉ QUANDO?


ATÉ QUANDO?
(Ari Pinheiro)

Por quanto tempo
Ainda teremos que esperar
Que o futuro
Venha eclodir do chão
Se tudo o que se faz
Puxa-nos para trás
Aonde o barco
Perdeu-se na cerração...

Quando virá
O novo tempo de colher
Uma vida farta
Para a mesa do peão
Se tudo o que se faz
Puxa-nos para trás
Onde a ganância
Já suplantou a razão...

Por onde andará
O velho e bom anjo dos sonhos
Que sempre vinha
Nos dias de viração
Se tudo que se faz
Puxa-nos para trás
E até os sonhos
Perderam-se na amplidão...

Quando brilhará
Ao sol dourado da manhã
A face luzidia
Do Divino Capitão
E o amor veraz
Compondo hinos de paz
Com cestos de fartura
Pras fomes da multidão!!!

NA CASA DE POTIFAR


NA CASA DE POTIFAR
(Ari Pinheiro)

De repente
A serpente se ergue
Na casa de Potifar
Que é preciso parar um homem
Um escolhido de Deus...
A mulher-serpente
Inocula o veneno
Que era para o ungido
Na mente atordoado
Do príncipe, seu marido...

Sem defesas aparentes
José enfrenta a masmorra
Onde aos olhos humanos
Já não há quem lhe socorra
Não cedeu
Aos efêmeros encantos
Para ela
É melhor que ele morra!

Mal sabia a infiel
Que ao tentar um escolhido
Acordou as hostes dos céus
E Deus ficou compungido
José não se turbou
Ou alterou o semblante
Sempre creu num Deus maior
Na luta seguiu confiante
Já que a glória do soldado
Depende do comandante!

E justo em hora difícil
Potifar ficou aflito
E José sai da cadeia
Pra matar a fome do Egito
Mais tarde é governador
Pra honra e glória de Deus
Com sabedoria e justiça
Também mata a fome dos seus...
De seu pai e seus parentes
A até mesmo de quem
Como escravo lhe vendeu!

É este o Deus de quem falo
Que não me deixa calado
Pois não tolera injustiça
Reabilita o injustiçado
Um escravo e presidiário
Transforma em chefe de estado!!!